Falando de Marketing

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quarta-feira, junho 28, 2006

Entrar na onda da Copa. Vale a pena?

Todo mundo está torcendo. As cores do momento são verde e amarelo. As propagandas e ações de marketing de empresas das mais variadas áreas são temáticas. Não preciso dizer qual o tema, preciso?

É, de fato, uma oportunidade para aumentar as vendas, estreitar o relacionamento e fidelizar clientes. Mas, convenhamos: tudo tem limite.

As empresas parecem aproveitar o momento para criar campanhas indiscriminadamente, sem se preocupar com a pertinência da mensagem. A Coca-Cola está torcendo com você na Copa? Ótimo, perfeito. Agora, dar a entender que a sopa Maggi é o melhor “quitute” para saborear na hora do jogo, valha-me Deus! Fico imaginando a praticidade de assistir a um jogo de futebol tomando sopa com os amigos... Realmente, a sopa é a nova “cola social” depois da cerveja. Me engana que eu gosto!

Mas esse é só um exemplo. Tenho certeza que você já viu uma campanha ou outra por aí que é totalmente irrelevante. Tem anunciante veiculando outdoor sobre tudo quanto é tipo de produto, sem mensagem nenhuma além das já clássicas “Seja nossa 6ª estrela”, “Nossa 6ª estrela é você”, “Aqui, a 6ª estrela é você”, entre outras variações sobre o mesmo tema. Que eu me lembre, já usaram este mesmo chavão (com pequenas adaptações): um banco, um salão de beleza, um motel e uma loja de roupas. É a democratização da mensagem! A nova tendência da comunicação em massa: venda o que for com o mesmo mote. Atinja mais de 500 mercados com apenas uma frase!

Não acho que seja culpa das agências, nem dos anunciantes. Acho que é uma embriaguez coletiva. Somos tão loucos pelo futebol brasileiro e parecemos precisar tanto de uma desculpa para exaltar nosso patriotismo reprimido que realmente misturamos o pessoal com o profissional, o individual com o coletivo, tudo pelo nosso Brasil brilhando na Copa para o mundo inteiro ver. E aí surgem essas campanhas. Os anunciantes sentindo que fizeram a parte deles para garantir que ninguém esqueça que estamos na Copa, entregando-nos folhetos, publicando anúncios na revista e no jornal, passando comerciais na tevê, espalhando outdoors pela cidade. As agências no auge da imersão no tema, fazendo desse dia-a-dia patriótico e futebolístico a melhor fonte para a criatividade.

E o consumidor? O consumidor aproveita. No caminho para o trabalho, navegando na Internet, na frente da tevê, ele nem tenta porque sabe que não conseguiria desligar-se do assunto do momento. Então ele preenche cupom, bebe cerveja, vai ao banco, passa no mecânico e toma até sopa pensando em futebol, no hexa, no Brasil e em como é legal ser a 6ª estrela de tanta gente.

Só espero que quem prometeu tanto tratamento especial para suas 6ªs estrelas não esqueça disso depois que a Copa acabar.