Falando de Marketing

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sexta-feira, maio 19, 2006

Desmistificando a área de marketing

Quando comecei a sonhar com uma carreira na área de marketing, imaginava constantemente grandes departamentos cheios de pessoas, cada qual com uma atribuição específica dentre as tantas existentes e necessárias para o desenvolvimento do marketing de uma empresa. Agora, com um pouco mais de conhecimento da área e da realidade do mercado, percebo que a grande e avassaladora maioria das empresas conta com departamentos de marketing (quando é o caso de chegar a tanto) formados pela menor quantidade possível de profissionais.

Claro, a economia não dá às empresas o luxo de ter uma área de marketing super-desenvolvida, linda e completa como nos meus sonhos de aspirante a analista de marketing. E estou certa de que pessoas que atuam em outras áreas que não figuram como as áreas-fim de uma empresa têm a mesma impressão que eu: há sempre muito poucos profissionais, mas bastante trabalho para essas áreas.

É muito engraçado perceber que isso é uma realidade, pois acaba desmistificando um pouco a coisa. Eu sempre pensava em ser uma célula de um grande organismo de marketing de uma empresa e que isso ia me levar, com o tempo, a ser gerente e quem sabe um dia diretora de algum setor dentro da complexa estrutura de marketing. Mas o que vejo, tanto no Brasil como no exterior, é que os profissionais que têm a sorte (já que são tão poucas vagas), a chance de entrar no marketing de uma empresa, acabam por desenvolver as mais variadas atividades relacionadas à área, lutando para dar conta de tudo e, quem sabe um dia, expandir seu departamento para mais de uma ou duas pessoas.

Parece loucura, mas o que eu pensava ser apenas impressão minha, acabou por confirmar-se em uma pesquisa que participei recentemente. O site MarketingProfs realizou uma pesquisa chamada B-to-B Voice of the Customer, sobre as atividades e processos de uma empresa relacionados a coleta, análise e estudo das opiniões e percepções dos clientes. Na pesquisa, havia várias questões destinadas a determinar o tamanho da empresa respondente. Ao terminar de responder, pude acessar seus resultados. Avaliando os dados, identifiquei, em um universo de 1.240 respondentes, que 50,5% das empresas contam com menos de 5 pessoas envolvidas em atividades relacionadas ao tema da pesquisa. Considerando que trabalhar com opiniões e percepções de clientes é normalmente uma atribuição do marketing, percebi portanto que metade dessas empresas conta com menos de 5 pessoas em seus departamentos de marketing. Mais adiante, vi que 61,5% responderam que, de fato, suas empresas contam com menos de 10 profissionais de marketing em sua estrutura. Em tempo, 73,4% dessas empresas têm suas sedes nos EUA.

Essa constatação me deu toda uma nova perspectiva do mercado. Percebi que não sou exceção, mas regra. Sou mais uma de muitos profissionais da área que faz de tudo um pouco, ou um pouco de tudo, que se preocupa se deveria estar fazendo tudo aquilo mesmo, se não teria algo mais para fazer e, em alguns dias quando tudo acontece ao mesmo tempo, imagina como seria legal se tivesse apenas uma atribuição específica de marketing, como cuidar somente da comunicação da empresa, ou simplesmente coordenar contatos com fornecedores. Mas, por outro lado, acho que compartilho com meus pares essa loucura, essa diversidade. Afinal, assim, quando acordo para trabalhar, muitas vezes não sei o que me espera; se vou passar o dia readequando as estratégias do website da empresa, ou se ficarei entre ligações infinitas implorando por orçamentos para organizar o próximo evento da empresa. Desse jeito, posso ficar entediada um dia, mas animada em outro, e assim nunca dá tempo de enjoar do que eu faço.